Knickstória: Uma Virada Histórica em 1972

A temporada 1972-73 ficou marcada como sendo a última vez (pelo menos até hoje, às vésperas do início da temporada 2013-14, momento em que escrevo este texto) que os Knicks foram campeões da NBA. Não faltaram partidas memoráveis naquela temporada, mas sem dúvida a mais marcante aconteceu numa noite de sábado, 18 de novembro de 1972, contra o Milwaukee Bucks.

Os elencos:

Knicks	Bucks
Willis Reed	Kareem Abdul-Jabbar
Dave DeBusschere	Oscar Robertson
Bill Bradley	Bob Dandridge
Earl Monroe	Jon McGlocklin
Walt Frazier	Lucius Allen
John Gianelli	Chuck Terry
Phil Jackson	Dick Cunningham
Dean Meminger	Mickey Davis
Treinador: Red Holzman	Curtis Perry
	Treinador: Larry Costelo

Criado em 1968, o jovem time dos Bucks que foram eliminados pelo Knicks com uma certa facilidade nas Finais da Divisão Leste em 1970, se tornou campeão no ano seguinte, 1971, após vencer Baltimore que havia eliminado os Knicks em sete jogos numa eletrizante série (detalhes dessa série podem ser lidos no post sobre a rivalidade entre Knicks e Bullets).

Liderados por Kareem Abdul-Jabbar, anteriormente conhecido como Lew Alcindor, e Oscar Robertson, os Bucks eram um dos favoritos da Divisão do Meio-Oeste chegando ao Garden com 12 vitórias e quatro derrotas.

Os Knicks, depois de perderem o título para o Los Angeles Lakers em 72 em cinco jogos, estavam em um excelente começo de temporada, com 15 vitórias e apenas três derrotas.

Este era o primeiro confronto entre os dois times na temporada 1972-73, expectativa de uma grande partida em Nova York.

E o primeiro tempo correspondeu às expectativas, as duas equipes foram para os vestiários com o placar empatado em 42 a 42.

Lembram da síndrome do terceiro quarto na temporada 2011-12? Ela já existia em 1972, Milwaukee voltou com tudo no intervalo, chegando a abrir 20 pontos de vantagem e ao final do terceiro quarto vencia por 74 a 58.

A partida que prometia ser competitiva havia perdido toda a sua graça, com 5:50 para o final do último quarto o placar era 86 a 68 para os Bucks.

Red Holzman pede tempo e enquanto os seus jogadores estão agrupados junto ao banco e ele pensa:

“Tudo o que temos que fazer é marcar 19 pontos e manter os Bucks sem marcar então podemos vencer.”

New York volta do tempo e Monroe consegue fazer uma jogada de três pontos a 4:52 minutos, quando Milwaukee parte para o ataque iniciam-se os coros no Garden: “De-fense!”

Walt Frazier roubou a bola e partiu para o contra-ataque convertendo uma bandeja para diminuir a diferença para 13. Milwaukee novamente não consegue converter e Frazier converte outro arremesso para diminuir a diferença para 11. Nesse ponto já é possível imaginar o pandemônio que começa a se formar no Garden.

Robertson, marcado por Clyde, erra o arremesso na posse de Milwaukee, o rebote fica com Kareem, mas ele não consegue converter e a bola volta novamente para os Knicks, Monroe marca duas vezes seguidas, Kareem erra de novo e desta vez quem marca para os Knicks é Dave DeBusschere, o placar é 86 a 81 a 2:20 para o fim.

Depois de mais uma vez os Bucks errar no ataque, Monroe marca mais dois e a diferença é de apenas três pontos, mais uma vez os visitantes não conseguem marcar e a bola fica com Frazier que sofre falta.

Ele converte os lances livres e agora Milwaukee lidera por apenas um ponto de diferença. O treinador dos Bucks, Larry Costello, já havia pedido tempo duas vezes desde que a reação dos Knicks começou.

Na sequência o armador dos Bucks, Lucius Allen, sofre falta e vai cobrar lances livres. Em sua quarta temporada, Allen era um bom arremessador, na temporada anterior teve um aproveitamento de 76,4 % nos lances livres. Mas era uma daquelas noites e ele errou os DOIS lances livres!

O rebote ficou com o capitão Willis Reed e os Knicks partiram para o ataque, Frazier passou para Monroe e a 36 segundos do fim ele coloca os Knicks à frente por um ponto!

Parecia que o Madison Square Garden iria explodir!

Holzman escreveu em sua autobiografia que o Garden literalmente sacudia.

A bola foi para Abdul-Jabbar que, muito bem marcado pelo capitão e erra o gancho, DeBusschere pega o rebote com muita agressividade, a bola fica com Bill Bradley que gasta o tempo do relógio, mas não arremessa, a bola volta para Milwaukee a três segundos do fim.

Apesar da incrível virada do Knicks, os Bucks ainda têm uma chance de estragar a festa no Garden, o passe foi para Kareem, mas o seu arremesso nem deu aro.

Final de partida: New York 87, Milwaukee 86.

Bob Wolff, locutor dos jogos dos Knicks na televisão na época, chamou de “uma das mais fantásticas vitórias de todos os tempos”.

Foram 19 pontos dos Knicks sem resposta do adversário nos últimos 5:11 da partida.

Monroe terminou a partida com 22 pontos e Frazier com 17.

Abdul-Jabbar teve 32 pontos, apenas dois nos últimos 8:10 de partida.

Box score da partida

Um dos integrantes da equipe técnica do Bucks era Hubie Brown, que anos mais tarde se tornaria treinador do Knicks e mais tarde mais conhecido pelos torcedores da NBA como comentarista de partidas na TV, ele relembra do jogo:

“Eu falo muito sobre esse jogo porque foi um final fantástico do New York. Os torcedores faziam tanto barulho que você podia jurar que a cesta e a tabela se moviam toda hora que arremessávamos. Foi uma grande execução dos Knicks e um exemplo perfeito de porque você nunca desiste em um jogo. É por isso que você joga. Um exemplo perfeito para você nunca sair de um jogo da NBA quando dois grandes times estão se enfrentado.”

Mais de 40 anos depois, os Knicks recebem os Bucks no Madison Square Garden na noite de 5 de abril de 2013, no intervalo daquele jogo o time da temporada 1972-73 era homenageado pelos 40 anos do segundo título da franquia.

Os Knicks perdiam por nove pontos de diferença no intervalo e no terceiro quarto marcou 42 pontos contra 21 dos Bucks, no final uma tranquila vitória por 18 pontos de diferença, teria sido uma inspiração do lendário time de 1972 que levou à virada?

Informações obtidas dos livros: “New York Knicks: The Complete Illustrated History”, “100 Things Knicks Fans Should Know & Do Before They Die”, ambos de Alan Hahn e “Garden Glory: An Oral History of the New York Knicks” de Dennis D'Agostino.