terça-feira, 3 de junho de 2014

Knickstória: Knicks Sob Pressão em Indiana




Um ano após a eliminação para os Bulls nas Finais da Conferência Leste em 1993, os Knicks se viam na mesma situação: após abrir a série, com mando de quadra, vencendo as duas primeiras partidas em casa, perde duas seguidas na casa do adversário e ao retornar para casa é surpreendido pelo oponente e agora encara a eliminação no sexto jogo.

Os Knicks precisam superar os Pacers na Market Square Arena, em frente a sua torcida que está em frenesi com a possibilidade de avançarem para as Finais da NBA e enfrentar o Houston Rockets que eliminou o Utah Jazz em cinco jogos nas Finais do Oeste.

Após o quinto jogo, John Starks não conseguiu dormir, ele disse para jornalistas que estava “irritado e desapontado que estamos nessa situação. O fato é que estávamos nessa mesma posição no ano passado. Mas não temos dúvidas que podemos ir lá e conseguir uma vitória. Sabemos que podemos vencer esse time.”

Se Reggie Miller se tornou o inimigo publico número um em Nova York, em Indiana, Spike Lee se tornou o alvo da torcida, ele foi a Indiana para assistir a partida e teve um recepção, digamos, nada calorosa.


A rivalidade dos dois times havia iniciado no ano anterior, mas foi após o quinto jogo que se intensificou. Não se tratava apenas dos times, mas da cidade de Nova York e o estado de Indiana. Eram os metidos e convencidos da cidade grande contra os “hicks” (caipiras) do interior.


Os Pacers estavam invictos na Market Square Arena nos playoffs de 1994, 10 vitórias seguidas em casa contando o fim da temporada regular.

A pressão estava toda em cima dos Knicks que iam para uma arena hostil pronta para fazer uma grande festa para o seu time que, assim como os Knicks, desde 1973 procura por um título (só lembrando que os Pacers faziam parte da ABA e se juntaram à NBA na fusão das duas ligas em 1976).

Assim como na quinta partida, os Knicks começam melhor, abrem onze pontos de vantagem graças a diversos contra-ataques, mas os Pacers cortam essa diferença para apenas dois pontos no final do quarto.

Os Knicks voltam a abrir uma diferença de 11 pontos no segundo quarto, mas a defesa de Indiana forçou o New York a cometer vários erros no ataque, diminuindo a diferença para quatro pontos.

No intervalo os Knicks ampliaram a diferença para sete pontos: 58 a 51.

No terceiro quarto o grande destaque foi John Starks com 10 pontos no período e os Knicks abrem a maior vantagem na partida, 13 pontos.

E vamos para o último quarto com os Knicks vencendo por 11 pontos de diferença. Muita expectativa após o colapso dos Knicks no jogo 5 e, logo nos primeiros minutos, Reggie Miller converte um arremesso de três pontos.

Indiana diminui a vantagem dos Knicks para quatro pontos graças aos erros dos Knicks no ataque. Pat Riley fala para o armador Derek Harper acalmar o time.

Mesmo assim os erros continuam e com pouco menos de seis minutos para o fim Miller converte um difícil arremesso desiquilibrado e bem marcado por Starks e a diferença é de apenas dois pontos: 88 a 86 para os Knicks.

A torcida está enlouquecida na Market Square Arena, mas Ewing, com um jogo discreto, converte para os Knicks dando uma vantagem de quatro pontos no placar. Na posse dos Pacers, Miller erra um arremesso de três pontos, mas Rik Smits fica com o rebote e converte.

Oakley sofre falta na posse dos Knicks e converte apenas um dos dois lances livres e coloca os Knicks três pontos na frente. Minutos mais tarde Reggie Miller converte dois lances livres e a diferença é de apenas um ponto.

Ewing perde a bola, é o sétimo erro dos Knicks no último período, Miller tem a chance de colocar Indiana na frente pela primeira vez na partida, mas erra e o rebote fica com Ewing.

Os problemas dos Knicks no ataque seguem quando Charles Smith erra o passe para John Starks e Miller rouba a bola dos Knicks. Ele sofre falta de Starks e vai para a linha dos lances livres.

Mais uma vez ele tem a chance de colocar Indiana na frente do placar, mas ele erra um dos dois lances livres, algo raro, e a partida estava empatada e 2:05 para o fim.

Derek Harper coloca os Knicks dois pontos na frente, Reggie perde a posse de bola e no contra-ataque dos Knicks, Starks sofre falta de Derrick McKey, ele converte um dos dois lances livres e os Knicks lideram por três pontos.

Os Knicks fazem uma boa marcação e McKey precisa arremessar no desespero pois o relógio da posse de bola estava zerando e o rebote volta para os Knicks.

Charles Oakley perde a posse de bola e Vern Fleming parte para o contra-ataque, mas quando o armador dos Pacers partia para a bandeja Harper rouba a bola dele, sofre falta e vai arremessar dois lances livres a 25,1 segundos para o término da partida e um possível sétimo jogo.

A torcida que minutos antes fazia um barulho ensurdecedor estava quieta, Harper converte um dos dois lances livres e os Knicks abrem uma diferença de quatro pontos, no ataque dos Pacers e marcação de Starks em Miller é excelente e Fleming tem que arremessar de três, o rebote fica com Anthony Mason que sofre falta a 3,6 segundos do fim.


Placar final: Knicks 98, Pacers 91.

John Starks liderou os Knicks com 26 pontos na partida, 8-11 arremessos convertidos, 5-6 de três pontos, seis assistências e três roubadas de bola. No final da partida ele foi celebrar a vitória com Spike Lee para o desgosto e fúria dos torcedores dos Pacers na arena.


Patrick Ewing teve 17 pontos e 10 rebotes, Oakley terminou com 14 pontos e nove rebotes, Harper e Mason tiveram 11 pontos cada.

Reggie Miller terminou com 27 pontos, 8-21 arremessos convertidos, apenas 2-7 de três pontos, Rik Smits teve 18 pontos e cinco rebotes.

Os Pacers desperdiçaram a chance de eliminarem os Knicks que sobreviveram à pressão de torcida e de toda a mídia, com uma forte defesa que não permitiu que Indiana marcasse um ponto nos últimos dois minutos da partida.

Pat Riley fez ajustes na defesa, evitando que Miller repita a performance do quinto jogo e também no ataque, com o time mais agressivo, correndo mais e pontuando através de contra-ataques.


Para Riley o sexto jogo das Finais do Leste foi o mais marcante da sua passagem por Nova York: “Nós tínhamos que vencer e conseguimos e eu não acho que muitas pessoas esperavam por isso.”


Jeff Van Gundy contou como Ewing se comportou na sexta partida:
“Ele veio com um uma coisa na sua mente, que estávamos em uma luta, basicamente. E aquele que acertasse primeiro geralmente vencia e esse era o lema dele para o jogo. Então não fizemos nada de novo. Nós apenas fomos e partimos para cima deles, ficamos neles. Então Harp teve a grande roubada e o arremesso no final.”


Para Derek Harper o jogo teve um sentimento especial:
“Até então eu não me sentia como um Knick. Apenas pela maneira que a torcida reagiu, que o banco reagiu, que os treinadores reagiram. Foi a partir dali que eu me senti oficialmente um New York Knick. (...) Depois do jogo, torcedores estavam na frente do ônibus e não te deixavam andar. Voltei para o pós-jogo (da televisão) e ouvia, ‘Harper! Harper! Harper!’ Foi muito empolgante porque esse é um mercado difícil para ser aceito, especialmente pelos torcedores.”

A vitória não somente livrou os Knicks da eliminação, mas também salvou a pele de Spike Lee que seria crucificado eternamente pelos torcedores e pela mídia.

Agora a série retorna para Nova York para o decisivo sétimo jogo, mais nos playoffs de 1994 para os Knicks.

Informações obtidas dos livros: “New York Knicks: The Complete Illustrated History” de Alan Hahn e “Garden Glory: An Oral History of the New York Knicks” de Dennis D'Agostino.

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