Seguimos com a cobertura dos playoffs de 1994,
depois de finalmente eliminarem os Bulls nas Semifinais, os Knicks seguem para a sua segunda Final
de Conferência seguida, desta vez o adversário era o surpreendente Indiana
Pacers.
Depois de um difícil começo de temporada com 17
vitórias e 23 derrotas, o time do treinador Larry Brown venceu 30 das últimas
42 partidas da temporada regular, incluindo as oito últimas seguidas e se
classificaram em quinto lugar para os playoffs.
Liderados pelo pivô Rik Smits e o arremessador Reggie
Miller, os Pacers fizeram a melhor campanha na segunda metade da temporada
regular.
Depois de varrerem o Orlando Magic, vencendo a
primeira série de playoff desde que a franquia se juntou à NBA em 1976, os
Pacers surpreenderam o primeiro colocado do Leste, Atlanta Hawks, eliminando o
time do treinador Lenny Wilkens em seis jogos.
Assim, estava definido o confronto das Finais do
Leste.
Os dois times se enfrentaram no ano anterior pela
Primeira Rodada com os Knicks eliminando os Pacers em quatro jogos na série
melhor de cinco que ficou marcada por John Starks cedendo às provocações de
Reggie Miller.
Os Knicks venceram todos os jogos da temporada
regular contra os Pacers: 104 a 83 em Indianapolis no dia 12 de novembro, 98 a
91 em Nova York no dia 11 de dezembro, 88 a 82 também em Nova York no dia 15 de
março e 85 a 82 no dia 25 de março em Indiana.
Parecia que os Knicks não teriam grandes problemas
na série e muitos davam como certa a passagem do New York para as Finais da NBA
após a eliminação dos Bulls.
E foi exatamente isso o que aconteceu nas duas
primeiras partidas no Madison Square Garden com duas vitórias por 100 a 89 e 89
a 78.
Foi quando a série mudou para Indianápolis que os
Knicks perceberam que o caminho rumo às Finais teria grandes obstáculos.
No terceiro jogo os Knicks tiveram a pior atuação no
ataque na história da franquia – e da NBA – em playoffs até então, marcando 68
pontos. Ewing terminou a partida com apenas um ponto.
A quarta partida foi mais competitiva, mesmo assim
os Knicks não conseguiram evitar a derrota por 83 a 77, Ewing se recuperou com
25 pontos e 11 rebotes. Reggie Miller teve 31 pontos (17 deles através de
lances livres), 13 no último quarto.
A série retornava para Nova York empatada em dois a
dois. Os Knicks estavam invictos no Garden na pós-temporada, oito vitórias em
oito jogos, e os Pacers perderam as últimas 11 partidas que realizaram em Nova
York, 31 dos últimos 33 jogos.
O ataque dos Knicks nem lembrava as duas partidas
anteriores em Indianópolis, mas os Pacers conseguem diminuir a diferença para
oito pontos no intervalo.
Patrick Ewing liderou os Knicks com 15 pontos e
Starks com 11. Pelos Pacers, Reggie Miller teve nove pontos, 4-7 arremessos
convertidos e sempre quando ia para os lances livres era obrigado a ouvir os
torcedores fazendo coro pela sua irmã, Cheryl Miller, famosa ex-jogadora de
basquete.
No segundo quarto os Knicks voltaram a abrir uma
diferença de duplos dígitos, liderados por Charles Smith marcando oito pontos
no período.
O Knicks tinha uma vantagem de 12 pontos no final
do período, 70 a 68.
Até então a série parecia previsível, com os dois
times tirando vantagem do seu mando de quadra, mas isso iria mudar.
Logo nos primeiros minutos do último quarto, Reggie
Miller acerta um arremesso de três pontos, diminuindo a diferença para nove
pontos e começa a provocar alguém sentado nas primeiras filas.
Na posse dos Knicks, Oakley sofre falta de Rik
Smits e converte os dois lances livres, na posse de Indiana, Miller, ele
novamente, converte mais uma de três pontos e agora o placar é 72 a 64 para New York.
No ataque dos Knicks, Hubert Davis faz um passe
errado para Herb Williams, LaSalle Thompson rouba a bola e sofre falta de
Davis, Indiana não consegue converter no ataque e o rebote retorna para os
Knicks.
Thompson intercepta o passe de Greg Anthony para
Patrick Ewing e desta vez Kenny Williams dos Pacers converte uma bandeja para
diminuir a diferença para seis pontos, 72 a 66.
Nesse ponto é possível perceber que os Knicks estão
tendo problemas quando perdem a posse de bola por não conseguirem repô-la em
jogo. Reggie Miller converte mais uma, de dois pontos e agora são apenas quatro
pontos de diferença.
Hubert Davis faz um passe mal feito para Ewing que
perde a bola e adivinha quem converte para Indiana? Sim, Reggie Miller e nesse momento
é possível perceber que ele está tendo uma “troca de gentilezas” com o diretor
de cinema Spike Lee, fanático torcedor dos Knicks.
Antes da partida, Lee e Miller fizeram uma aposta:
se os Knicks vencessem Milelr teria que visitar Mike Tyson na prisão e se os
Pacers vencessem Lee teria que escalar a esposa de Miller no seu próximo filme.
Reggie estava levando a aposta muito a sério.
Mais uma vez o Knicks desperdiça no ataque, mais um
passe errado, Indiana parte para o contra-ataque e Starks comete falta no
armador Vern Fleming.
Enquanto Fleming está na linha de lances livres,
Reggie Miller se aproxima de Spike e coloca as duas mãos no pescoço fazendo o
famoso “choke sign”, mostrando que os
Knicks estão se “engasgando”. Spike Lee, indignado com a atitude de Miller,
tenta, em vão, reclamar com a arbitragem, afinal o que eles poderiam fazer?
Enquanto isso, Fleming converte os dois lances
livres e a partida está empata, 72 a 72 com quase quatro minutos no último
período.
Na posse dos Knicks, seguem os erros, novamente
Thompson rouba o passe de Derek Harper para Ewing, na posse dos Pacers, Reggie
Miller converte um arremesso de quase do meio da quadra e bem marcado por
Starks e Indiana passa a frente, 75 a 72, são 17 pontos dos Pacers no último
quarto contra apenas dois dos Knicks. Após converter essa “cesta espírita”, Reggie
segue encarando Spike.
Depois de Harper converte um de dois lances livres,
mais uma vez Miller converte uma de três após conseguir se livrar da marcação
de Starks com um corta-luz.
Após algumas posses em que nenhum dos dois times
consegue converter, os Pacers partem para o contra-ataque após Harper errar um
arremesso de três pontos, Starks vai para o garrafão ajudar na marcação de Dale
Davis que partia para a bandeja, mas por causa disso, Miller fica livre na
linha de 3 pontos. Davis percebe e passa para ele, a torcida grita em pânico ao
perceber que ele está livre e ele converte mais uma cesta de três pontos,
Indiana oito pontos na frente, 81 a 73 com 5:52 para o final da partida.
Pat Riley finalmente pede tempo. Os Knicks estão
literalmente entrando em colapso em quadra, nada dá certo, enquanto do outro
lado, a defesa dos Pacers está impecável e no ataque, bem, a tática é simples:
corta-luz para o Reggie Miller arremessar.
Os Knicks conseguem diminuir a diferença para dois
pontos com pouco mais de quatro minutos para o final dando esperança para a
torcida. New York começa a fazer pressão na defesa e desta vez Larry Brown pede
tempo.
Depois de mais dois pontos de Miller, Starks erra
uma bandeja reversa e Dale Davis volta a ampliar a vantagem dos Pacers, 85 a 79
a 2:45 para o fim. Pat Riley pede tempo novamente.
Os Knicks não conseguem converter no ataque e Ewing
comete falta em Reggie Miller, os Knicks estão acima do limite e Miller
converte os dois lances livres, Indiana vencendo por 87 a 79.
Harper converte dois lances livres para diminuir a
diferença, mas Antonio Davis converte mais dois pontos para os Pacers no
ataque. Na posse dos Knicks, a arbitragem acredita na “atuação” de Miller e dá
uma falta de ataque em Ewing.
Pat Riley e os torcedores no Madison Square Garden estão
atônitos, na transmissão pelo canal NBC, o narrador Marv Albert, que desde o
final dos anos 60 cobre os jogos dos Knicks, comparou esse jogo com o sétimo
jogo das Finais do Leste de 1971 quando Earl
Monroe e os Bullets eliminaram os favoritos Knicks em pleno Madison Square
Garden.
De volta à partida, Ewing diminui a diferença para
seis pontos a 45 segundos, mas em seguida, Harper comete falta no armador
Haywoode Workman que converte os lances livres.
No ataque dos Knicks, Miller rouba a bola de Starks
e nesse momento é possível ouvir algumas vaias no Madison Square Garden. Ele
converte os dois lances livres e a diferença é de 10 pontos.
Ewing converte um arremesso de três pontos, mas não
faz a menor diferença porque os Pacers garantem a vitória por 93 a 86.
Reggie Miller terminou com 39 pontos, 14-26
arremessos convertidos, 6-11 de três pontos, foram 25 pontos apenas no quarto
período, cinco arremessos de três pontos convertidos no período.
Pelos Knicks, Ewing terminou com 29 pontos, 10-15
arremessos convertidos, porém apenas dois rebotes. Oakley teve 12 pontos e 13
rebotes. Starks e Charles Smith tiveram 16 pontos cada.
Ao final da partida, quando perguntado pelo repórter
Ahmad Rashad da NBC sobre Spike Lee, Reggie responde: “Spike quem?”
As provocações de Miller fizeram dele o inimigo
número um em Nova York. Nem mesmo Michael Jordan, famoso por sempre acabar com as
esperanças dos torcedores dos Knicks provocou tanto ultraje da maneira que
Miller fez após a partida.
Mesmo assim, parte da ira de torcedores, mídia e
até de Pat Riley foi direcionada a Spike Lee, acusado de incitar Miller. Nas contracapas
dos jornais de Nova York no dia seguinte o destaque não era a partida em si,
mas as provocações entre Spike e Reggie.
Indiana marcou 35 pontos contra 16 dos Knicks no
último quarto. O que se viu foi de um lado um time com vontade de vencer uma
partida que parecia perdida e do outro um time que não soube lidar com a reação
do adversário e simplesmente esqueceu como se jogava basquete.
Depois do polêmico
jogo 5 contra os Bulls parecia que os Knicks haviam se livrado da maldição
do quinto jogo, mas um ano depois, Pat Riley estava na mesma situação: após
abrir uma vantagem de dois a zero na série, estava perdendo por três a dois e
encarando a eliminação.
Quando tudo parecia certo para os Knicks disputarem
as Finais da NBA, Reggie Miller e os Pacers aparecem para atrapalhar a vida do
time de Ewing.
Após essa partida, Reggie Miller oficialmente se tornou o maior
vilão no Madison Square Garden.
Informações obtidas do livro: “100 Things Knicks Fans Should Know & Do Before They Die” de Alan Hahn.
Odeio o Indiana Pacers e este Reggie Miller!!!
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