domingo, 11 de agosto de 2013

Recordar é Viver (Parte 3): Os Playoffs de 1998 e a Hora da Vingança

Depois de muita demora finalmente saiu a terceira parte da série de posts sobre meus primeiros anos acompanhando o New York Knicks, na primeira parte escrevi sobre o começo de tudo nos playoffs de 1997 (leia o post aqui) e na segunda parte escrevi sobre a temporada 97-98 que tinha promessa de ser muito empolgante para os torcedores do Knicks, mas uma lesão afetou o desempenho do time (leia o post aqui).

Demais partes da série:
Parte 5




Depois de uma difícil primeira temporada acompanhando o Knicks chegou a hora dos Playoffs de 1998 começarem.

Sem seu melhor jogador, fora desde o final de 97 e tendo que lidar com diversas lesões de outros jogadores o New York conseguiu se classificar para os Playoffs em sétimo, assim se livrou de um confronto com o Chicago Bulls.

Por ironia do destino o adversário era o Miami Heat, que pela segunda temporada seguida ganhou o título da Divisão do Atlântico e ficou com o segundo lugar na Conferência.

Depois de uma traumática eliminação no ano anterior, o Knicks liderava a série por três a um, mas após diversos jogadores serem suspensos por causa de uma briga envolvendo P.J. Brown e Charlie Ward, o Heat virou a série e passou para as Finais de Conferência.

Nesse ponto a única coisa que se passava na minha mente (e acredito que de todos os torcedores) era que o Knicks precisava dar o troco nesse ano.

Na temporada regular foram duas vitórias para cada time, o time da casa venceu os jogos, somando os placares dos quatro jogos o resultado foi 335-331 para o Knicks (média de 83,75 pontos por jogos pro Knicks e 82,75 para Miami).

Claro que não seria nada fácil, Ewing estava se recuperando, mas na época não havia previsão se ele poderia voltar nos playoffs mesmo se o Knicks passasse para as semifinais.

O time teria que mais uma vez se superar sem o pivô.

E no primeiro jogo ficou claro que não seria fácil, acertando apenas 36,6% dos arremessos o New York perdia por 20 pontos de diferença no intervalo. Liderados por Tim Hardaway com 34 pontos, 6-9 arremessos de três pontos convertidos o Miami vence o primeiro jogo na Miami Arena.

Dois dias depois os dois times voltam a se enfrentar e no primeiro quarto o Miami novamente começou com excelente aproveitamento e no segundo quarto a diferença chegou a 13 pontos para Miami.

O Knicks marcou quatro cestas de três seguidas cortando a vantagem do Heat para um ponto. No último minuto o Knicks chegou a passar na frente e no intervalo os dois times foram para os vestiários empatados em 50 a 50.

O Knicks chegou a abrir cinco pontos de vantagem no terceiro quarto. No último, o Heat chegou a diminuir para um ponto, mas o Knicks se manteve na frente, abrindo uma vantagem de nove pontos. Miami diminuiu a diferença para cinco pontos, mas na posse seguinte Chris Childs converte de três pontos para calar a torcida na Miami Arena.

No final uma vitória convincente por 10 pontos de diferença. Após a decepção do primeiro jogo, John Starks foi o cestinha vindo do banco com 25 pontos, 7-11 arremessos convertidos, 4-6 de três pontos, Alam Houston terminou com 24 pontos e Larry Johnson marcou 22 pontos e pegou sete rebotes. Outro destaque foi o veterano Terry Cummings com 14 rebotes.

Agora a série vai para Nova York e a torcida toda está confiante que o Knicks pode se vingar do Miami no Garden. Muita expectativa, a ESPN transmitia a partida, o Garden estava elétrico como sempre, mas isso não parece ter afetado do time visitante que se manteve a frente do placar durante a partida toda.

Depois estar perdendo por 12 pontos no intervalo, New York diminuiu a diferença, mas com Voshon Lenard marcando 28 pontos e Hardaway 27, o Heat consegue a vitória e recupera mando de quadra.

Hora da quarta partida e o Knicks encara a eliminação, o jogo não foi transmitido para o Brasil, imaginem a tortura ter que esperar para ver o resultado!

Emfim, o Knicks conseguiu evitar a eliminação no Garden em um jogo que ficou “famoso” pelo incidente entre Larry Johnson e Alonzo Mourning que ficaram trocando socos no ar (pior briga de todos os tempos) e a imagem que virou um clássico: Jeff Van Gundy agarrado na perna de Alonzo Mourning.



Os dois jogadores foram suspensos e mais uma vez tudo seria decidido em Miami. Nessa hora vem à mente a lembrança do jogo 7 no ano anterior, Hardaway acertando tudo e Ewing carregando o time nas costas, mas no final o Knicks era eliminado.

Até então nunca um sétimo colocado havia eliminado um segundo colocado no Leste desde que se iniciou o formato de playoffs com oito times em cada Conferência em 1984, apenas três times haviam conseguido isso.

O Knicks teve um excelente primeiro tempo, a diferença chegou a ser de 19 pontos de diferença para o Knicks, era inacreditável.

No final terceiro quarto, liderados por Hardaway, Miami diminui a diferença para nove pontos. O Heat continuou melhor no quarto período e, após uma cesta de três pontos de Hardaway, o Knicks tinha apenas dois pontos na frente do placar. Será que mais uma vez o Knicks iria sucumbir em Miami?

Mas desta vez a história foi diferente, o Knicks se recompôs e após alguns ataques consecutivos voltou a abrir vantagem, após uma cesta de três pontos de John Starks a vantagem era de 13 pontos.



Um ano após uma eliminação difícil de engolir, que até hoje os torcedores (incluindo o autor deste texto) nunca esquecem, o New York acaba com a temporada do Miami Heat. Lembro que assisti todo o VT da partida no dia seguinte mais uma vez na ESPN.

Alan Houston terminou com 30 pontos, John Starks teve 22 pontos, 5-9 arremessos de três pontos convertidos, Charles Oakley teve 18 pontos e 13 rebotes e Buck Williams contribuiu do banco com 12 pontos e 14 rebotes.


O Knicks avançava para a segundada rodada pelo sétimo não seguido.

O próximo adversário era um velho conhecido dos Knickerbockers, o Indiana Pacers que, com o técnico estreante Larry Bird, tinha uma das melhores temporadas da franquia. Além de Bird o Pacers trouxe para a temporada Chris Mullin e os jogadores conhecidos da torcida continuavam no time: Mark Jackson, Rik Smits, “os Davis” e, claro, Reggie Miller.

Depois de ficarem fora dos playoffs por causa de diversas lesões na temporada 96-97, Indiana voltou com tudo vencendo 58 partidas, segunda melhor campanha do Leste apenas atrás de Chicago, mas no formato da época os campeões de divisão ficavam com os dois primeiros lugares nos playoffs, por isso o Miami ficou com o segundo lugar, mas Indiana teria mando de quadra se Miami tivesse avançado (foi o mesmo caso em 1995 quando o Knicks ficou em terceiro, mas teve mando de quadra contra Indiana nas semifinais).

O Knicks não teve tempo de comemorar a vitória contra Miami, dois dias depois o time estava em Indiana para o primeiro jogo da série melhor de sete jogos. Parecia que o retorno de Ewing, que antes era uma incerteza, estava cada vez mais próximo. Larry Johnson também não jogaria, servindo o segundo jogo de suspensão pela “briga” com Mourning na primeira rodada. John Starks começa a partida como titular com Alan Houston de ala, Oakley de ala-pivô e Chris Dudley de pivô.

Mesmo sem Ewing e Johnson, o Knicks começou a partida com tudo, o placar no final do primeiro quarto era 31 a 13 para New York!

Infelizmente a vantagem não durou muito tempo, com o Knicks tendo um péssimo segundo período, o Pacers respondeu marcando 34 a 14 e no intervalo liderava por dois pontos.

No segundo tempo, Indiana tomou o controle do jogo e liderados pelos reservas marcando 56 pontos contra 20 do banco do Knicks o time da casa sai na frente na série. Ao final vitória do Pacers por dez pontos, 83 a 73.

Travis Best e Jalen Rose tiveram 18 pontos cada e Miller teve 17. Pelo Knicks, Starks teve 17 pontos, Houston 16 pontos, Charlie Ward e Oakley tiveram 15 pontos cada. O único destaque vindo do banco foi Terry Cummings com 13 pontos e sete rebotes.

Para segunda partida o time teria a volta de Larry Johnson após cumprir a suspensão e, mais importante, depois de perder 62 jogos Patrick Ewing estava de volta às quadras!

Pela primeira vez em quase cinco meses o Knicks está com o time titular completo.

Depois do susto no primeiro quarto na partida anterior, o Pacers veio à quadra mais focado e se manteve a frente do placar durante toda a partida e com Smith (22 pontos) e Miller (21 pontos) liderando o ataque, Indiana ampliava a vantagem com uma vitória por 85 a 77.

Ewing estava meio enferrujado, acertou apenas três de 11 arremessos, 10 pontos e seis rebotes em 27 minutos de ação. John Starks foi o cestinha do Knicks com 20 pontos, Houston teve 16 e Johnson 15.

Tirando Starks, que com o retorno de L.J. voltou para o banco, o restante dos reservas do Knicks não tiveram muito a contribuir. O principal alvo de críticas por parte da torcida e mídia foi Chris Childs que nos dois jogos combinados acertou apenas quatro de 10 arremessos, nove pontos, três assistências e nove posses perdidas.

A série então muda para Nova York e finalmente a torcida tem a chance de matar as saudades de Patrick Ewing.

A recepção para o pivô foi muito calorosa quando seu nome foi chamado pelo P.A. do Garden, Mike Walczewski.



A torcida não estava muito otimista após as duas derrotas em Indiana e por isso após a apresentação dos jogadores foi exibido um clipe para tentar inspirar os mais de 19 mil presentes no Garden.

Apesar disso quando a partida começou não havia motivos para a torcida se inspirar. Indiana abriu uma vantagem de 11 pontos e tinha controle do jogo no primeiro quarto. O Knicks acertou apenas 26% dos arremessos, enquanto que o Pacers acertou 55%.

O ataque do New York, que não funcionava desde o primeiro quarto do primeiro jogo contra o Pacers, finalmente desencantou no segundo quarto marcando 33 pontos e ao final do primeiro tempo o Knicks tinha cinco pontos de vantagem, 48 a 43.

Depois de uma ótimo segundo quarto, os problemas no ataque retornaram no terceiro quarto, foram apenas 14 pontos contra 23 de Indiana e pela terceira vez na série o Knicks ia para o último quarto em desvantagem.

No último quarto foi o ataque de Indiana que parou e com apenas 10 pontos do Pacers o Knicks conseguiu a primeira vitória na série, 83 a 76.

Patrick Ewing liderou o time com 19 pontos e sete rebotes. Starks e Houston marcaram 11 pontos cada, Larry Johnson teve 10 pontos e cinco rebotes.

Chis Childs teve uma sólida partida com 10 pontos, 4-7 arremessos convertidos, quatro rebotes e cinco assistências.

Pelo Pacers, Miller teve 23 pontos, Smits 16 pontos e Jackson oito pontos e nove assistências.

Menos de 24 horas depois os dois times voltam a se enfrentar. Naquela época os jogos três e quatro das semifinais geralmente eram jogados em dos dias seguidos por determinação da NBC que transmitia os jogos em rede nacional apenas nos finais de semana.

Ao contrário das partidas anteriores o quarto jogo da série foi mais ofensivo com os dois times tendo um melhor aproveitamento dos arremessos. O placar seguia equilibrado durante toda a partida com os dois times se alternando na liderança do placar, mas no último período o Knicks abria uma vantagem de oito pontos e estava próximo de empatar a série.

Apesar disso, o Knicks não conseguiu administrar a vantagem e Indiana diminuiu a diferença para apenas um ponto e teve a chance de virar o placar após Alan Houston perder a posse de bola, porém Reggie Miller errou o arremesso e Starks foi para a linha de arremesso livre.

Se você começou a acompanhar a NBA “ontem” por favor leia os próximos parágrafos, se já está cansado de saber siga lendo após o vídeo:

Em 1994 o Knicks recebia Indiana no Garden para o quinto jogo das Finais da Conferência Leste, a série estava empatada em dois a dois e o Knicks parecia se encaminhar para uma fácil vitória no último quarto.

Mas Reggie Miller simplesmente destruiu o Knicks marcando 25 pontos no período, liderando Indiana para uma vitória que deixou o Garden chocado. Foi algo como o jogo de Stephen Curry na temporada passada em apenas um quarto.

No ano seguinte Pacers e Knicks se enfrentam mais uma vez em uma série de playoff, desta vez pelas Semifinais e na primeira partida Reggie Miller faz uma das mais incríveis jogadas nos playoffs e novamente silenciou o Garden, se você nunca viu, o vídeo a seguir fala por si só.



De volta a 1998, ao contrário de quatro anos antes, dessa vez John não desperdiçou os lances livres.

Com 19,3 segundos para acabar o placar era 102 a 99 para o Knicks.

Mark Jackson conduz o ataque depois do pedido de tempo de Larry Bird, o Garden implora por “defesa”, as bola vai para Miller que passa para Smits, ele erra o arremesso, Chris Mullin dá uma tapa na bola que vai para Jackson e que vê Reggie Miller LIVRE na linha de três pontos, muito próximo do mesmo lugar onde chocou o mundo do basquete em 1995.



A 5,1 segundos do fim a partida está empatada, o Knicks pede tempo, mas Alan Houston não consegue dar a vitória para o time da casa.

Vamos para a prorrogação e o Knicks marca apenas cinco pontos e com 38 pontos de Miller, Indiana lidera a série por três jogos a um.



Com muita tristeza, vamos para o quinto jogo em Indiana, a TNT transmitiu a partida para o Brasil.

Os 33 pontos de Alan Houston não foram suficientes para evitar a eliminação do Knicks, Miller teve 24 pontos, Smits e Mullin tiveram 22 cada e o Pacers seguiu para as Finais da Conferência onde foi eliminado em sete jogos pelo Bulls.

Para o Knicks fica a frustração de mais um triste final de temporada, uma temporada que começou com grandes expectativas, mas após a lesão do jogador da franquia se tornou uma luta pela sobrevivência.

O Knicks vingou a eliminação da temporada anterior contra o Miami, mas no fim ficou o gosto amargo da derrota para outro rival.

No último post da série uma temporada inesquecível para os Knickerbockers: 1999. Tentarei não demorar tanto para postar!

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