Vamos para a quarta parte dos posts relembrando
meus primeiros anos como torcedor do New York Knicks e acompanhando a NBA. A primeira parte pode ser lida aqui, a segunda aqui e a terceira aqui. A parte final pode ser lida aqui.
Como é tradição entre os esperançosos torcedores do
Knicks, todos estamos na expectativa para mais uma temporada...
No dia 25 de junho o Knicks choca seus torcedores
com uma troca mandando Charles Oakley (um dos meus favoritos de todos os tempos
da franquia) junto com Sean Marks (escolha da segunda rodada do Draft de 98)
para o Toronto Raptors por Marcus Camby.
Enquanto isso, os jogadores e os donos dos times
não conseguiram a chegar um acordo sobre o novo CBA, que é o “regimento” da
NBA, neste
post do Caio ele explica algumas regras do atual CBA referentes aos
salários e contratos dos jogadores.
Assim como foi em 2011 muitas reuniões aconteciam e
nada era acertado. Jogos cancelados, o tempo ia passando e nada da temporada
98-99 começar.
Para piorar a coisa para os Knickerbockers o
presidente da associação dos jogadores em 1998 era Patrick Ewing, então nada de
se preparar para a temporada. Naquela época Ewing já tinha 36 anos e muitos
duvidavam se o jogador ainda tinha potencial para brigar pelo tão sonhado título,
ainda mais depois de perder a maior parte da temporada 1997-98 por causa da
lesão do pulso.
Da esquerda para direita: Glen Rice, Alan Houston, Dominique Wilkins, Alonzo Mourning e Patrick Ewing. |
Depois de muitas reuniões e partidas canceladas em
janeiro de 1999 finalmente jogadores e donos chegaram a um acordo em tempo de
começar uma temporada de 50 jogos em fevereiro.
E assim que os times estão liberados para fazer
negociações, mais um dos meus favoritos é trocado: John Starks vai para Golden
State com Terry Cummings e Chris Mills. Em troca o Knicks recebe Latrell
Sprewell.
Sprewell foi o grande vilão da temporada 1997-98,
ele jogou apenas 14 partidas naquela temporada pois foi suspenso pelo restante
da temporada após estrangular o treinador do Warriors, P.J. Carlezimo. O Miami
Heat também tinha interesse no jogador, mas no final Spree decidiu ir para Nova
York.
Para compensar a ausência de Oakley, o Knicks contratou
Kurt Thomas uma dia após a troca por Sprewell.
Do time finalista em 1994 o único remanescente era
Patrick Ewing. Mas após passar meses em reuniões a última coisa que Patrick
precisava era jogar basquete. Fora de forma, mais velho e com um elenco
modificado as coisas não começaram fáceis para o pivô em uma temporada na qual em alguns pontos ele precisaria jogar três jogos em três noites seguintes.
Sem um training camp apropriado, Van Gundy não teve
tempo para ajustar o time às novas contratações, Camby estava perdido e o
treinador se recusava a utilizá-lo em quadra, havia dúvidas se Sprewell e Houston
poderiam jogar juntos. O time corria o risco de ficar fora dos playoffs pela
primeira vez em mais de uma década.
Para os torcedores mais novos ou os piadistas de
plantão que só sabem lembrar da última década, naquela época a possibilidade do
Knicks não se classificar aos playoffs era como uma grande tragédia.
Ewing e Sprewell perderam várias partidas por causa de lesões. Na noite de 23 de março de 1999 o Knicks marca apenas cinco pontos no segundo quarto contra o Bulls, o pior time da temporada 98-99 no United Center, uma derrota desmoralizante, parecia que o time não iria para os playoffs.
Quase um mês depois, no dia 19 de abril de 1999 após uma derrota para
Philadelphia por 72 a 67, a quarta seguida, o Knicks atinge a marca de 21
vitórias e 21 derrotas, fora dos oito primeiros classificados do Leste.
O drama na big Apple só aumentava quando vazou para
a imprensa que Dave Checketts, o presidente do Knicks na época, lidava com uma
crise entre o GM do time, Ernie Grunfeld, e o treinador Jeff Van Gundy.
Ernie Grunfeld e Van Gundy |
James Dolan (sim, ele mesmo) dá um ultimato a
Checketts: Grunfeld ou Van Gundy, um dos dois tem que sair. Checketts não
conseguiu tomar uma decisão, ele então foi ordenado a remover Grunfeld do cargo.
Era o fim de uma parceria de sucesso que levou o
time a cinco temporadas com mais de 50 vitórias, um título de Divisão, duas
Finais de Conferência e uma Final da NBA.
Em meio a esse drama, o Knicks está em Miami para
um jogo de domingo à tarde, Patrick Ewing não pôde jogar.
O Miami estava em uma
situação completamente oposta ao Knicks, 29 vitórias e 14 derrotas, campeão da
Divisão do Atlântico pelo terceiro ano seguido. Parecia que o time de Pat Riley
iria com tudo para o título.
As coisas não começaram nada bem com Alonzo Mourning dominando no garrafão. Van Gundy teve que ceder e colocou Camby em quadra. Kurt Thomas marcava Zo, mas o pivô, tendo uma de suas melhores temporada (chegou a ser considerado para MVP) seguia matando o Knicks, marcando 27 pontos nos três primeiros quartos.
No último quarto Larry Johnson e Marcus Camby lideraram a reação do time marcando nove pontos cada no período derradeiro.
Após uma cesta de três pontos de Johnson, o placar estava empatado a um minuto do fim, 77 a 77. Na posse do Heat, Tim Hardaway acertou uma de três pontos, mais uma da lista de várias que faziam torcedores do Knicks quase morrer do coração.
Desde a temporada 97-98 derrotas por poucos de diferença haviam se tornado rotina nos jogos do Knicks, parecia que mais uma vez a gente ia ficar no "quase..." O final do jogo anterior contra o Heat em Miami citado acima foi com Ewing errando o arremesso que poderia dar a vitória ao Knicks na prorrogação.
A bola estava com Houston e ele parte para cesta, mas desta vez ele passou para Camby que fez uma bela enterrada e ainda levou uma falta de Jamal Mashburn. Após converter o lance livre a partida estava novamente empatada.
Hardaway arremessou de três novamente, mas desta vez ele não acertou e Chris Childs ficou com o rebote. Ele sofreu uma falta de seu ex-companheiro de New Jersey, P.J. Brown, e converteu os lances livres. Knicks na frente 82 a 80!
Foram 11 pontos do Knicks contra apenas dois de Miami nos últimos minutos.
Foi o início da recuperação, após uma vitória
contra o Celtics do novato Paul Pierce, na noite de 3 de maio, com transmissão para o Brasil pela TNT, o
Knicks finalmente garante a vaga nos playoffs.
O último jogo da temporada regular era contra o
Miami no Garden e também contava com a transmissão da TNT para o Brasil.
Uma das noites mais bizarras na NBA até então...
A situação era a seguinte: o Miami havia garantido
o primeiro lugar no Leste após vencer o Atlanta na noite anterior (o Heat tinha
a vantagem do desempate contra Indiana caso os dois times terminassem com
campanhas iguais).
Na parte de baixo da tabela, Milwaukee estava em
sexto, dois jogos a frente do Knicks e Philadelphia estava em sétimo, um jogo a frente
do Knicks na classificação.
Se o Knicks vencesse a partida contra Miami e o
Sixers perdesse para Detroit, o New York subiria para sétimo porque os dois
times teriam 27 vitórias e 21 derrotas e o Knicks vence o desempate contra o time
de Allen Iverson.
O Detroit por sua vez estava em quinto na Conferência
e caso ganhasse de Philadelphia poderia roubar o quarto lugar de Atlanta.
E caso Philadelphia vencesse e o Bucks perdesse,
então o Sixers estaria em sexto pois tinha vantagem no desempate.
Entendeu?
Para que não se lembra o Knicks havia eliminado o
Heat na temporada anterior e a vitória
de virada na Flórida aumentou a confiança do time, havia um sentimento que, não importa a situação
de lesões, o Knicks conseguiria vencer o Heat. Já contra o Pacers, segundo colocado no
Leste, a confiança não era a mesma, principalmente após a eliminação na
temporada anterior.
Logo, para o Knicks seria mais vantagem perder a
partida e permanecer em oitavo. Mas pelo jeito Pat Riley também não estava
muito confiante em enfrentar o Knicks, basta as escalações dos times para
a partida:
Miami: Rex Walters, Voshon Lenard, Jamal Mashburn, P.J. Brown, Duane Causwell.
New York: Charlie Ward, Alan Houston, Larry Johnson, Kurt Thomas, Chris Dudley.
Se você é torcedor do Heat e não precisa procurar no Google quem são os jogadores escalados por Pat Riley, meus parabéns, você não é um bandwagon!
Por mais que possa parecer inacreditável para os
atuais torcedores do Miami Heat, o Miami queria que o Knicks terminasse em
sétimo, enquanto que Van Gundy e Cia. queriam ficar em oitavo pois acreditavam
que tinham mais chance de eliminar Miami.
Tim Hardaway, Alonzo Mourning e Dan Majerle não
jogaram, P.J. Brown só teve 15 minutos de jogo.
Pelo Knicks Patrick Ewing e Chris Childs foram poupados. Van Gundy colocou Houston e Johnson do banco durante a partida para a entrada de David Wingate e Rick Brunson que costumavam jogar apenas no garbage time.
Pelo Knicks Patrick Ewing e Chris Childs foram poupados. Van Gundy colocou Houston e Johnson do banco durante a partida para a entrada de David Wingate e Rick Brunson que costumavam jogar apenas no garbage time.
Jeff Van Gundy mandou desligar o placar eletrônico
do Madison Square Garden para que os jogadores não ficassem distraídos pelo
andamento das outras partidas, mas ele foi informado que Detroit vencia
Philadelphia por dois pontos a dois segundos do fim e a bola era dos Pistons.
Van Gundy manteve a compostura e fingiu não se importar.
A transmissão da TNT saiu do jogo do Knicks que
estava... meio chato... e passou a mostrar o final de Pistons vs Sixers. A bola é do
Pistons, mas Iverson roubou a posse de bola e com oito segundos para o final
ele empata a partida!
Antes do último quarto terminar o Van Gundy e sua
equipe recebem a notícia que Philadelphia venceu a partida na prorrogação,
assim o time foi com tudo para cima do Miami a venceu a partida por 101 a 88.
“A partida que ninguém queria vencer”
Eu ia escrever um post único sobre 1999, mas foi
ficando grande, então resolvi dividir em duas partes, como foi a temporada
97-98.
Então no próximo post: a inesperada jornada para as Finais da NBA.
(Informações dos jogos contra o Heat obtidas do Knickerblogger.net)
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